Agência Reuters revelou que diretor da farmacêutica Moderna embolsou 35 milhões de dólares com a alta das ações graças a notícias sobre testes da vacina.
A semana termina com um reforço em uma discussão latente nas últimas semanas nas bolsas pelo mundo. Faz sentido a euforia dos investidores em torno de testes de vacinas e medicamentos? Elas têm sido o principal impulso para índices mundo afora apesar de notícias ruins na economia e de uma segunda onda de contágio sobretudo nos Estados Unidos.
Na última sexta-feira, 03, a agência Reuters publicou uma reportagem sobre a farmacêutica Moderna, uma das empresas mais avançadas nas pesquisas da vacina, mostrando como seus executivos estão vendendo ações e fazendo fortuna nas últimas semanas. Segundo a Reuters, o presidente da companhia, Stephane Bancel, já embolsou 21 milhões de dólares nos últimos meses, período em que o valor de mercado da companhia, desconhecida antes da pandemia, triplicou. O diretor médico da empresa, Tal Zaks, embolsou 35 milhões de dólares.
As vendas não têm nada de ilegais, mas escancaram uma situação que escancara uma nova anomalia dos mercados. Testes clínicos de vacinas e remédios costumavam ser processos lentos, e mantidos em segredo pelas farmacêuticas. Mas a pandemia da covid-19 acelerou o desenvolvimento de anos para meses, e fez com que as empresas passassem a divulgar publicamente testes intermediários. Nesta quarta-feira um teste da Pfizer feito com dezenas de participantes conseguiu, sozinho, impulsionar as bolsas mundo afora.
Relatório da Exame Research mostra que há mais de 100 vacinas em testes no mundo, e a Moderna e a Pfizer estão entre as mais avançadas. Outras são da AstraZeneca com a Universidade Oxford e da chinesa Sinovac — essas duas em testes no Brasil. Pela primeira vez na história a movimentação da medicina é acompanhada tão de perto por investidores. E têm ajudado a compor um cenário de possível recuperação em V nas economias.
Junto com elas, investidores têm se animado com notícias que mostram melhora na atividade econômica em países que estão retomando as atividades — ontem, os Estados Unidos divulgaram geração de empregos duas vezes acima do previsto. A China anunciou um recorde de 10 anos em seu índice de serviços, hoje, o que ajudou a impulsionar as bolsas asiáticas para o maior valor em quatro meses. O risco de novas ondas jogarem água fria na recuperação só será afastado com a chegada das vacinas — para a alegria dos investidores (e dos executivos) das farmacêuticas.
Fonte: Revista Exame
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