Em visita ao Rio de Janeiro na última quarta-feira, 5, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demonstrou preocupação com a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022. Bolsonaro, que já anunciou a intenção de concorrer à reeleição, se encontrou com o governador Cláudio Castro (PSC), no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo fluminense. Ministros, secretários estaduais e políticos também participaram da reunião. O presidente pediu unidade dos aliados no estado, onde está sua base eleitoral. Ele lembrou ainda a articulação de Lula em criar uma "frente ampla" formada por partidos de esquerda. No Rio, o petista ensaia lançar a candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) à sucessão de Castro.
A reunião ocorreu seis dias depois de o ex-governador Wilson Witzel (PSC) sofrer impeachment por corrupção. Bolsonaro e Witzel são ex-aliados. Os dois romperam quando o ex-juiz federal anunciou que queria disputar a eleição presidencial. O encontro teve duração de pelo menos uma hora. Todos os presentes foram proibidos de gravar a conversa. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho do clã, não participou, mas fez uma chamada de vídeo pelo celular. Aos convidados, Bolsonaro pôs o Planalto "à disposição" do governo do Rio e pediu atenção ao retorno de Lula no jogo eleitoral após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro em processos da Operação Lava Jato e devolver seus direitos políticos.
Oficialmente, Bolsonaro veio ao Rio para receber, no Aeroporto Internacional do Galeão, na noite de quarta-feira (5), o motorista Robson Nascimento de Oliveira, preso por mais de dois anos na Rússia depois de entrar no país com um medicamento proibido. Embora tenha feito um gesto de aproximação a Cláudio Castro, Bolsonaro, nos bastidores, não descarta a possibilidade de apoiar "um candidato de confiança" ao Palácio Guanabara, como relataram aliados do presidente a VEJA. Um dos nomes é o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
Um dos obstáculos de Bolsonaro para pedir votos a Castro é a influência que Pastor Everaldo Dias Pereira, presidente do PSC e preso na Operação Tris In Idem, ainda tem no governo do Rio. Foi Everaldo quem batizou Bolsonaro no Rio Jordão, em Israel, em 12 de maio de 2016. O PSC era o partido do presidente antes de ele entrar no PSL. Os dois brigaram e hoje são adversários. Outro entrave é Rodrigo Abel, chefe de gabinete e braço-direito de Castro. Abel é um petista histórico. Foi presidente da Juventude do PT e fez parte do grupo do ex-ministro José Dirceu.
Castro, por sua vez, tem nomeado no governo aliados bolsonaristas. Ele também se movimenta para se desfiliar do PSC. Nesta terça-feira, 11, o governador esteve na sede do partido. Castro pode ir para o PSD, chefiado por Gilberto Kassab; o PP, comandado pelo senador Ciro Nogueira; o PL, do ex-deputado federal Valdemar da Costa Neto; ou o DEM, de Antônio Carlos Magalhães Neto, ex-prefeito de Salvador. Na quarta-feira, 12, Castro jantará com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que está de malas prontas para o PSD. O encontro será na Gávea Pequena, no Alto da Boa Vista, residência oficial de Paes.
No próximo dia 23, Bolsonaro se reunirá com motociclistas na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital. O evento de apoio ao governo federal irá até o Aterro do Flamengo, na Zona Sul.
Fonte: https://radiopaporeto.com/
0 Comentários