A Polícia Civil indiciou Lucas Abreu, pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular em Sergipe (IEQ-SE), pelos crimes de assédio sexual, violação sexual e estupro de vulnerável. Já o seu pai, o pastor Luiz Antônio, superintendente estadual da IEQ, foi indiciado pelo crime de violação sexual mediante fraude. As vítimas são mulheres que frequentavam templos da IEQ em Aracaju.
Os detalhes da investigação foram divulgados nesta quarta-feira (26) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) em entrevista coletiva. Os inquéritos foram conduzidos pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) e pela Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima (Deacav), vinculadas ao Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV).
No caso do pastor Lucas Abreu, a Polícia se embasou nos relatos de quatro supostas vítimas, que eram adolescentes quando os crimes teriam sido praticados. Ele atuava como líder do grupo do qual elas faziam parte na igreja. A pena prevista é de até 15 anos de prisão.
“Essas mulheres teriam sido vítimas nos anos de 2011 e 2013, quando tinham 13 e 15 anos”, disse a delegada Josefa Valéria, acrescendo que, por causa do transcurso do tempo “não foi possível fazer diligências para reunir mais elementos que comprovem a materialidade delitiva”, embora tenham sido anexados prints de redes sociais, fotos e vídeos ao inquérito.
Já quanto ao pastor Luiz Antônio, sete supostas vítimas denunciaram os crimes, um deles prescreveu porque teria ocorrido em 2010 e em outros três não foram identificados indícios que configurem conduta criminosa. Para o crime de violação sexual mediante fraude, a pena prevista é de até seis anos.
“Ao todo 22 pessoas foram ouvidas, entre testemunhas, vítimas e denunciados. Duas pessoas foram ouvidas em estados do Norte do país. Os crimes ocorreram há pelo menos três anos, o mais recente em 2018, mas há relato de um fato que teria ocorrido em 2003. Esse tipo de situação dificulta o trabalho da Polícia por causa do tempo decorrido. Em um caso, situações que foram omitidas pela suposta vítima desde o início”, afirmou a delegada Renata Aboim.
A Polícia Civil não identificou requisitos para o pedido de prisão preventiva dos acusados, que negaram as denúncias em depoimento. Os inquéritos foram encaminhados ao Ministério Público do Estado de Sergipe (MP-SE).
As primeiras denúncias de crimes sexuais contra os pastores ganharam repercussão no começo de março através de um perfil nas redes sociais intitulado ‘mprmovimentopulpitoreformado’, que passou a compartilhar relatos de supostas vítimas.
O que diz a defesa
O escritório Aurélio Belém, que atua na defesa dos acusados, enviou nota ao F5 News, afirmando que os pastores colaboram com a instrução processual, que respeita o processo legal, critica a espetacularização das denúncias e pede respeito aos envolvidos.
“Não obstante os pré julgamentos morais do senso comum, com a tranquilidade própria daqueles que estão ao lado da verdade, a defesa afirma estar plenamente convencida da inexistência de cometimento de qualquer espécie de crime, o que, sem dúvida, restará comprovado oportunamente, nos termos do devido processo legal”, diz o documento.
O que diz a Igreja
O F5News procurou a assessoria de imprensa da IEQ-SE para buscar um posicionamento sobre os inquéritos. A Instituição não se manifestou até a publicação desta notícia.
Edição de texto: Monica Pinto
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